Por de trás dos vidros embaçados
Das janelas do meu calvário
Contemplo um imenso jardim de flores mortas.
Bem no seu centro
Um esquecido e inerte espantalho -
Já que a maioria dos
pássaros o abandonaram -
Sustenta em um dos
seus braços
Um abutre soturno e solitário
Como se a preconizar em breve naquele campo morto
O lançamento de algum
cadáver para o seu pasto.
Lágrimas sem acompanhamento de soluços
Escorrem de meu par de olhos
Entristecidos e atônitos mais que cansados
Pelo lúgubre cenário que adiante se descortina.
O peito em constante arfar
Abriga um coração amargurado apesar de forte.
E uma dor que na dúvida de onde se alojar
Se faz cobertor de todo o corpo e de toda a alma.