sábado, 25 de fevereiro de 2017

ESTADO D'ALMA


 

Por de trás dos vidros embaçados

Das janelas do meu calvário

Contemplo um imenso jardim de flores mortas.

Bem no seu centro

Um esquecido e inerte espantalho -

 Já que a maioria dos pássaros o abandonaram -

 Sustenta em um dos seus braços

Um abutre soturno e solitário

Como se a preconizar em breve naquele campo morto

 O lançamento de algum cadáver para o seu pasto.

Lágrimas sem acompanhamento de soluços

Escorrem de meu par de olhos

Entristecidos e atônitos mais que cansados

Pelo lúgubre cenário que adiante se descortina.

O peito em constante arfar

Abriga um coração amargurado apesar de forte.

E uma dor que na dúvida de onde se alojar

Se faz cobertor de todo o corpo e de toda a alma.