domingo, 21 de dezembro de 2014

ANO NOVO


 

Está vindo aí um novo ano.
Que não e novo nem nada.
“Não há nada de novo debaixo do sol”.
É a simples seqüência do eterno e inexorável existir.
Que não se sabe como e quando começou
E muito menos se e como terminarará
 
- Nada sabemos de nada
Apesar de muitos pensarem que sabem de tudo.
 
Gostaria que tudo seguisse muito bem
Com a bondade e a solidariedade sendo as maiores premissas.
Com as pessoas se olhando como iguais.
Que a dor que os outros possam sentir
Sejam-nos transmitidas nos seus efeitos
Para que a nossa inércia se faça ação.
Não queria apenas ouvir belas canções
Para o deleite dos meus ouvidos.
Queria que todos penetrassem no que as canções
Trazem nas suas intenções.
Não gostaria de me deliciar apenas com os efeitos pirotécnicos.
Mas que as luzes e brilho desses momentos
Infestassem as vidas mais obscuras.
Gostaria que o brinde do meu champagne
E dos muitos que brindarão ano novo afora
Não apenas nos inebriassem na euforia de uma noite
Mas que nos trouxesse a paz
Que necessitamos para sobreviver nesse mundão de Deus.

 

 

 

domingo, 30 de novembro de 2014

ÓBICES DO OFÍCIO

Uma das nossas grandes frustrações quando estávamos à cata de empregados sem registro nas nossas investidas pelo campo, quando do início da fiscalização do trabalho rural, na qual participei, era justamente quando rodávamos várias horas sem sucesso por entre as muitas fazendas do nosso estado. E um dos horários mais propícios para a nossa investida, era justamente o horário do almoço, quando os empregados de grandes fazendas se reuniam todos num mesmo local para a refeição. Em certa vez, estando eu o Getúlio, meu parceiro à época, correndo os laranjais de um dos nossos municípios, justo  no horário do almoço, nos deparamos com uma grande aglomeração de "empregados", reunidos todos sob uma frondosa árvore. Beleza, era a nossa vez. Empunhamos nossas pranchetas e demos órdem ao motorista para direcionar o veículo naquela direção. Ao chegar no local, descemos e fomos de logo, sem qualquer delonga, solicitando o nome dos "empregados" e porquanto tempo já trabalhavam naquela propriedade. Qual não foi nossa estupefação quando os "empregados" atônitos, nos olharam com tristeza e nos informaram que  aquilo se tratava de um velório. Murchamos nossas bolas, recolhemos nossas pranchetas, demos os pêsames e pedimos nossas desculpas aos familiares, e saímos do local direto para casa. Ainda hoje, quando repetimos essa história, é motivo de muito riso entre os colegas. São os óbices do ofício.

domingo, 23 de novembro de 2014

A CAMINHADA

                                         Inauguro hoje nesse blog a inserção de textos em prosa, onde publicarei crônicas do dia a dia, bem assim pequenas histórias reais que permearam a minha vida nas suas diversas fases. Claro que a poesia, nos moldes como ela é concebida, permanecerá a ser postada, tanto que nos chegue inspiração para tal.  Hoje o tema será o que encabeça esse texto.

                                                  Todos são cientes dos benefícios dos exercícios físicos, que com mais propriedade lhes falaria se versado no assunto fosse como profissional da área. Atenho-me apenas, nesse texto ao que me é possível, não tanto pelas limitações dos conhecimentos técnicos atinentes ao assunto, mas pelo que em mim sinto em efeitos dessa sadia prática. Me é apropriado dizer, a princípio, que a  minha escolha pela caminhada não se deu por acaso. Na minha trajetória, até mesmo nas artes marciais já fiz minhas incursões. Lembro-me, que quando garoto, na minha Riachuelo, cheguei até a calçar luvas de boxe icentivado pelo Marcelo Bezerra, de saudosa memória. Mas a finura dos meus braços não me permitia empunhar por muito tempo as luvas e logo, logo, estava eu com elas abaixadas e sem sustança para reerguê-las. Larguei. No futebol fiz também minhas tentativas. Mas no dia em que não consegui fazer chegar a bola ao goleiro numa batida de pênalti, resolvi que não era coisa para mim. Larguei também o futebol. Terminei na caminhada. Algumas vezes faço alguns trotes. Bem poucos, porque me foram proibidos por um ortopedista em face de umas fraturas não consolidadas nos tornozelos num acidente de carro. "Evite esportes de impacto", foi o que disse o doutor. Evito sim. Quem sabe mais que o doutor? Até porque quando o contrariei, algumas vezes, fiquei com os "mocotós" inchados por dias. 
                                                     Iniciei a prática da caminhada quando contava meus 40 anos, portanto a pouco mais de 20. Os cenários onde ela se desenvolve depende de onde esteja morando. Pela minha constante sêde de mudança, os cenários tem variado bastante. Mas os mais recentes são a Avenida Rio de Janeiro e o Parque da Sementeira, que alterno frequentemente a depender do meu humor. Sim, e explico. Até porque está na raiz dessa alternância as razões desse texto. Os parágrafos seguintes trazem a explicação.
                                                       Um dos benefícios da caminhada, ao menos na minha ótica, não se restringe propriamente ao físico, mas principalmente à mente. E não é só o cenário que contribui para esse efeito. O componente humano é o principal fator. E esse componente se transmuda a depender do local onde a caminhada é praticada. A avenida Rio de Janeiro, quem a conhece sabe, corta Aracaju desde o Ponto Novo, mais precisamente onde cruza com a Nestor Sampaio e finda no muro da Leste, alí, logo depois do Colégio Costa e Silva.  Portanto o seu entorno é habitado por pessoas de classes sociais diversas, haja vista que, apesar de sua grande maioria ser de pessoas  menos abastadas vislumbra-se além de dois condomínios de casas, alguns edifícios de pessoas melhores posicionadas economicamente falando. Já o Parque da Sementeira está incrustrado no meio da burguesia, alí em meio aos bairros Jardins e Praia 13 de Julho. Não preciso dizer mais nada. É só barão. E aí é onde reside a variante, no que pertine às impreessões que se absorve no caminhar nos diversos ambientes. Os caminhantes do Parque da Sementeira deixam transparecer não apenas nas indumentárias que ostentam, mas também nos seus semblantes, nas suas posturas no andar, na escolha dos a  quem cumprimenta, nos grupos que formam, nas conversas que deixam escapar, que pensam ser pessoas especiais. Já os caminhantes da Rio de Janeiro, são de outra espécie. São mais expansivos nos cumprimentos. Buscam constantemente o contato com quem cruza. Caminham apenas como quem caminha: sem empáfia. Sente-se neles a necessidade do agregamento, da união, enfim dos componentes que tornam as pessoas solidárias. Sem contar que é totalmente adversa a situação de ambos os cenários. O do Parque da Sementeira é uma maravilha. Árvores e mais árvores, pássaros cantando, patos nadando num lago, e todo uma estrutura para a proporção do bem estar de quem alí transita. Já o cenário da Rio de Janeiro, deixo-o à imaginação dos senhores. Afinal, desses caminhantes, quem são mesmo os especiais?
                                                        Pois bem, para finalizar recomendo a todos a CAMINHADA, mas faço um pedido: não se atenham apenas aos benefícios para o físico dessa prática. Abram-se também para os outros mútiplos benefícios para a mente e até para a nossa personalidade e para o conhecimento do outro nos seus diversos aspectos.

                                                       

terça-feira, 18 de novembro de 2014

REUNIÃO

Alguns homens se reunem
E falam, falam, falam...
Falam de outros iguais
Como se não fossem iguais.
Fazem brotar indignações
Como se fossem todos dígnos.
Por cima de suas cabeças
Um olho invisível prescruta:
Esse olho é daqueles
Que derrama sobre os hipócritas
O fluxo inexorável da repulsa
Que faria corar a todos
 - Se vergonha tivessem.

domingo, 9 de novembro de 2014

Eu Inteiro

Busquei alhures
Pedaços para a minha completude.
Caminhei em vão.
No retorno a mim
Descobri
Que só em mim mesmo
Reside
O meu Eu Inteiro.

domingo, 8 de junho de 2014

APARENCIAS

Nem sempre o alarido
Quer dizer de alegrias.
Nem sempre o sorriso
É um amistoso convite.
Nem sempre a face taciturna
Quer dizer de severidade.
Por tras de tudo
Que aos olhos se apresenta
Há mundos insondáveis
Que mesmo o íntimo de quem os esboça
Se debate com profundas incertezas.

domingo, 20 de abril de 2014

QUE ASSIM SEJA II

Ainda não sei como será esse fim.
Mas a sequência de acontecimentos
Sinalizam o seu possível cenário.
Tenho em mim a versão apenas aceitável
À comodidade das minhas aspirações:
Um quê de amplo silêncio e circunstância
Propícios à toda sorte de interiores viagens.
Uma enxurrada de visões etéreas
Com um viável veículo para o transporte ao infinito.
Um mata borrão programado
Para o apagar dos desdouros passados
E uma vívida memória dso momentos doces
Para aquela confusão ofuscante de lágrimas e sorrisos.
Os visitantes me virão todos:
Os que nos trazem a alegria que arrastam do mundo
E os que carregam também as grandes tristezas
Enrolados nos lençóis de suas generosidades.
Terei também algo de luxúria
Na exata dosagem das minhas possibilidades.
E virá então a inexorável reticência da existência:
Aí eu não saberei mais onde estarei.
                        

sábado, 11 de janeiro de 2014

VIAGEM ETÉREA

 Ainda quero muito caminhar.
 Não trilhei ainda todos os possíveis caminhos.
 Nem quero horizontes visíveis à minha frente
 Porque apesar de inalcançáveis
 Dão a sensação da existência da finitude.


 Comecei de ínfimo ponto
 Nesse espiral que é a existência.
 E ainda estou num patamar palpável
 Onde ainda pressinto o abismo
 E anseio pelo infinito.

 Sei ainda das minhas vontades
 Indício inexorável da minha imperfeição
 E causa intrínseca das minhas inquietações.
 Baliza intransponível para a minha ascensão.


 Quero a cúpula desse espiral
 Que será a fusão com o todo universal
 Consumindo as minhas mundanas vontades
 E me distanciando indefinidamente do abismo
 Cujo vislumbre faz o temor dos mortais.