Visto minha farda noturna
E saio
Pra minha ronda rotina.
Dobro esquinas sujas
Que cheiram
A urina de abandonados
E a fezes
De bebês desidratados.
Vejo -
Mesmo nos cantos vazios
Trapos de gente
Envoltos em trapos.
Olhos fundos e sem brilho
Encravados em crânios sem carnes
Que se mexem numa lentidão agônica.
Vejo uma murcha em concha
Que tateia vazia no vazio.
Ouço mesmo a ladainha dos miseráveis -
"Dá-me uma esmola pelo amor de Deus"-
Que me corta o coração.
Nunca chega esse bar de esquecer que me espera.
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