(Riachuelo, 1980)
Aqui não adianta esconder nada
Há um olho suspenso no ar
Que penetra todos os telhados.
Aquí não adianta cochichar
O vento pega a conversa
E leva de orelha em orelha
E a transforma num grito sem fim.
Aqui não adiante nem ficar calado
Um mistério forma a conversa
E sai a divulgar de canto em canto
Sem qualquer recato.
Precisa é que os poucos homossexuais
Pratriquem seus oficios nos bancos da praça.
Precisa é que as mulheres adúlteras
Traiam seus maridos nos leitos das ruas.
Precisa é que as mocinhas violadas
Expoam seus clitóris deflorados.
Depois é só despedir e carimbar na língua
Os atentos operários da fofoca
E vazar a ponta de faca
Esse olho ambulante que tudo vê.
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