quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SOBRE BA FOFOCA

                                          (Riachuelo, 1980)


Aqui não adianta esconder nada
Há um olho suspenso no ar
Que penetra todos os telhados.

Aquí não adianta cochichar
O vento pega a conversa
E leva de orelha em orelha
E a transforma num grito sem fim.

Aqui não adiante nem ficar calado
Um mistério forma a conversa
E sai a divulgar de canto em canto
Sem qualquer recato.

Precisa é que os poucos homossexuais
Pratriquem seus oficios nos bancos da praça.
Precisa é que as mulheres adúlteras
Traiam seus maridos nos leitos das ruas.
Precisa é que as mocinhas violadas
Expoam seus clitóris deflorados.

Depois é só despedir e carimbar na língua
Os atentos operários da fofoca
E vazar a ponta de faca
Esse olho ambulante que tudo vê.

Nenhum comentário:

Postar um comentário