Vivo de ruminar saudades
Pelos cantos feitos de silêncio.
Construí uma abóbada impenetrável
Onde guardo minhas inquietudes
Que se alimentam da produção dos insensatos.
Tenho olhos que desdenham o cenário fútil
Onde gravitam cabeças ocas
E se dependuram grotescas fantasias.
Minha cabeça gira lentamente
Com movimentos lentamente cadenciados
A cada fisgada do vitupério humano.
Lágrimas já não as tenho em profusão
Mas apenas o necessário aos olhos
Para mantê-los sempre marejados.
Mãos que espontaneamente buscam-se
Para evocar em preces
Ou espalmam-se para receber o espanto.
Dias e noites sempre assim:
Esse convívio lúdico e intrínseco
Limitado aos recônditos de um ser apenas.
sábado, 20 de agosto de 2011
INSÓLITO ENTORNO
Volto ao meu amplo universo de sombras
Onde todos os silêncios se reúnem.
Onde todas as saudades formulam suas versões.
Recolho também nesse insólito entorno
Todos os olhares que vagueiam em busca de motivos.
Todas as lágrimas vertidas sem aparentes motivos.
Todas as súplicas que sobem de mãos unidas.
Não me apiedo desses fiés companheiros:
Não é por piedade que os acolho.
É que nos afinamos tão solidamente
Que nem a eternidade porá fim ao nosso convívio.
Onde todos os silêncios se reúnem.
Onde todas as saudades formulam suas versões.
Recolho também nesse insólito entorno
Todos os olhares que vagueiam em busca de motivos.
Todas as lágrimas vertidas sem aparentes motivos.
Todas as súplicas que sobem de mãos unidas.
Não me apiedo desses fiés companheiros:
Não é por piedade que os acolho.
É que nos afinamos tão solidamente
Que nem a eternidade porá fim ao nosso convívio.
REGISTRO
(Reunião de Planejamento NEFIT - Hotel
da Ilha)
Nada em mim se passa
Simplesmente.
Tudo me invade
Mais do que profundamente.
Todos esses rostos, olhares
Gestos...
Até mesmo os desejos mais ocultos
Ficarão em mim eternamente impressos
E me seguirão como doce acervo
"Ad eternum".
da Ilha)
Nada em mim se passa
Simplesmente.
Tudo me invade
Mais do que profundamente.
Todos esses rostos, olhares
Gestos...
Até mesmo os desejos mais ocultos
Ficarão em mim eternamente impressos
E me seguirão como doce acervo
"Ad eternum".
AS LÁGRIMAS
As lágrimas me vêm e vão
Como se fossem nuvens soltas
Que passeiam um céu desconhecido.
Olhos úmidos como um mar de tristeza
Valorizam cada lágrima
Como tábuas únicas que salvam.
Onde
Esses estranhos motivos
Que incentivam essa minha solidão
Aquosa?
Como se fossem nuvens soltas
Que passeiam um céu desconhecido.
Olhos úmidos como um mar de tristeza
Valorizam cada lágrima
Como tábuas únicas que salvam.
Onde
Esses estranhos motivos
Que incentivam essa minha solidão
Aquosa?
AS PALAVRAS
Não sei das palavras
O que dizem as gramáticas
Apenas.
Sei da sua textura
Do seu cheiro
Do seu gosto
E da sua volubilidade.
A minha palavra não precisa ser sempre lógica
Ou lúcida
Pois que muito mais me encontro
Nos desvãos da errática
Ou nos descaminhos da loucura.
A palavra
Nem sempre precisa mesmo ter som
Já que minha alma
Gosta das que dizem em silêncio.
Quando caçadora atenta
Anda em busca das que calam.
O que dizem as gramáticas
Apenas.
Sei da sua textura
Do seu cheiro
Do seu gosto
E da sua volubilidade.
A minha palavra não precisa ser sempre lógica
Ou lúcida
Pois que muito mais me encontro
Nos desvãos da errática
Ou nos descaminhos da loucura.
A palavra
Nem sempre precisa mesmo ter som
Já que minha alma
Gosta das que dizem em silêncio.
Quando caçadora atenta
Anda em busca das que calam.
domingo, 14 de agosto de 2011
SOU-ME
Velados olhos de censura
Lançam-me
Ao modo excêntrico
Como visto meus atos.
Quem sabe
Desesperados consolos se busquem
Pela impossibilidade de imitá-los.
Ajo assim sem esforço ou cuidado
Mas apenas moldando-me
À verdade de mim
Que insiste em perseguir-me a vida
Quer no momento do êxtase que gozo
Quer no desprezo ao que me desespera.
Sabem-me nada
Os que me cercam o dia
Pois que mesmo eu sei-me pouco.
Sei muito de desejos e de sonhos
De lembranças e de saudades.
Sei da dor amargurada do que não fiz
E da angústia do que não hei de fazer.
Mas sei sobretudo que pouco se me dá
Esse vesgo e enrustido alheio preconceito.
Lançam-me
Ao modo excêntrico
Como visto meus atos.
Quem sabe
Desesperados consolos se busquem
Pela impossibilidade de imitá-los.
Ajo assim sem esforço ou cuidado
Mas apenas moldando-me
À verdade de mim
Que insiste em perseguir-me a vida
Quer no momento do êxtase que gozo
Quer no desprezo ao que me desespera.
Sabem-me nada
Os que me cercam o dia
Pois que mesmo eu sei-me pouco.
Sei muito de desejos e de sonhos
De lembranças e de saudades.
Sei da dor amargurada do que não fiz
E da angústia do que não hei de fazer.
Mas sei sobretudo que pouco se me dá
Esse vesgo e enrustido alheio preconceito.
REGRESSO
(Eu, Delegado em Riachuelo)
Descansa, pára, morre
A euforia da metrópole.
M o n o t o n i a .
É quase solidão e tédio
Esse meu regresso.
O poeta que sufocava
Entre as multidões indiferentes
Sufoca agora
Na indiferença da ausência.
Aqui
Um amigo se distancia por respeito.
Ali
Uma ex-namorada baixa os olhos não-sei-porque.
Acolá
Um inimigo abre os dentes-judas.
Passo.
Cada passo me pesa como chumbo.
Dói:
De não puder descer no passado
E correr com pés leves pelas ruas.
De sorrir e gargalhar e gritar
E de ouvir me chamarem de "muleque".
Descansa, pára, morre
A euforia da metrópole.
M o n o t o n i a .
É quase solidão e tédio
Esse meu regresso.
O poeta que sufocava
Entre as multidões indiferentes
Sufoca agora
Na indiferença da ausência.
Aqui
Um amigo se distancia por respeito.
Ali
Uma ex-namorada baixa os olhos não-sei-porque.
Acolá
Um inimigo abre os dentes-judas.
Passo.
Cada passo me pesa como chumbo.
Dói:
De não puder descer no passado
E correr com pés leves pelas ruas.
De sorrir e gargalhar e gritar
E de ouvir me chamarem de "muleque".
REINÍCIO
Procuro
Entre os escombros
Do que fui
Peças ainda recuperáveis.
E tento
Com as sobras do que restou
Reconstruir-me num ser-início.
Na penumbra
De fumaça e mofo
Penso da impossibildade.
Mas anima-me
O ter a paixão como alma
E a dor
Como razão única do tentar.
Entre os escombros
Do que fui
Peças ainda recuperáveis.
E tento
Com as sobras do que restou
Reconstruir-me num ser-início.
Na penumbra
De fumaça e mofo
Penso da impossibildade.
Mas anima-me
O ter a paixão como alma
E a dor
Como razão única do tentar.
REMINISCÊNCIAS
Como lamento
Ter venerado tanto
Os "vultos" fantasmas
Desta HISTÓRIA ridícula.
Ter perdido tanto tempo
Folheando retratos
E pintando bandeiras e mapas.
Entoando hinos
E comemorando datas inúteis.
Como lamento
Ter tantas "mestras" tolas
Obcecadas pelas sabatinas
E pelos desfiles de "sete de setembro".
Ter nascido num país
Que atoleima crianças
Enquanto mata outras de fome e abandono.
Ter venerado tanto
Os "vultos" fantasmas
Desta HISTÓRIA ridícula.
Ter perdido tanto tempo
Folheando retratos
E pintando bandeiras e mapas.
Entoando hinos
E comemorando datas inúteis.
Como lamento
Ter tantas "mestras" tolas
Obcecadas pelas sabatinas
E pelos desfiles de "sete de setembro".
Ter nascido num país
Que atoleima crianças
Enquanto mata outras de fome e abandono.
sábado, 13 de agosto de 2011
VIDA/MORTE
Mansamente
Com movimentos de serpente
Vai passando a vida.
Sorrateiramente
Sem ser notada pela multidão
Que afoitamente lida.
E por ser matreira no andar
É que tão depressa
Alcança a ponta indefinida -
Morte ou eterna vida?
E lança-se ao desconhecido
Sob o olhar da multidão
Que assiste atônita
Ao mergulho suicida.
E solta-se a lágrima estancada
E rompe o soluço abafado
Daqueles que aceitam mal
O fato que aos olhos salta:
O sêmem da vida
Já traz no seio o gérmen letal.
Com movimentos de serpente
Vai passando a vida.
Sorrateiramente
Sem ser notada pela multidão
Que afoitamente lida.
E por ser matreira no andar
É que tão depressa
Alcança a ponta indefinida -
Morte ou eterna vida?
E lança-se ao desconhecido
Sob o olhar da multidão
Que assiste atônita
Ao mergulho suicida.
E solta-se a lágrima estancada
E rompe o soluço abafado
Daqueles que aceitam mal
O fato que aos olhos salta:
O sêmem da vida
Já traz no seio o gérmen letal.
"MODUS VIVENDI"
Consolo-me das tristezas
Entre paredes brancas
Que me cercam silenciosas
Sob esse teto que me espia
E que me frustra a visão das estrelas
Mas sem me impor limites
Ao que me conduz ao infinito.
Imagino o além das janelas
Como triviais e insípidas ocorrências
Para os que buscam, em vão
Preencher o vazio de suas vidas vazias.
Ouço do meu silêncio o que pretendo
Para a minha alma inquieta.
Tenho as longas horas das noites longas
Para minhas viagens etéreas
Onde revisito tudo que ficou pra trás.
Nenhum ressentimento me assalta o íntimo.
Mas uma compreensão mais profunda
Me diz a cada suspiro ou involuntário soluço
Que isso é tudo e o muito que se pode ter.
Entre paredes brancas
Que me cercam silenciosas
Sob esse teto que me espia
E que me frustra a visão das estrelas
Mas sem me impor limites
Ao que me conduz ao infinito.
Imagino o além das janelas
Como triviais e insípidas ocorrências
Para os que buscam, em vão
Preencher o vazio de suas vidas vazias.
Ouço do meu silêncio o que pretendo
Para a minha alma inquieta.
Tenho as longas horas das noites longas
Para minhas viagens etéreas
Onde revisito tudo que ficou pra trás.
Nenhum ressentimento me assalta o íntimo.
Mas uma compreensão mais profunda
Me diz a cada suspiro ou involuntário soluço
Que isso é tudo e o muito que se pode ter.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
PROFECIA
Se te fazes ouvido do mundo
Anteparo inerte como as pedras
Em relação às ondas.
E acolhe aqui e alí
Nas entranhas de tua compreensão
Todo e qualquer peregrino da existência...
Se não arriscas o passo que muda
E que pode te conduzir
A inesperados caminhos
E pateticamente caminhas
Sobre velhos trilhos...
Se deixas sufocar o grito
Mesmo ante a dor que te fustiga a carne...
É certo que vives uma vida comum
Que faz o alento dos deuses mundanos.
Serás mil vezes aclamado dócil
E não se importarão que tenhas vida para sempre.
Jamais os demônios te perturbarão os sonhos.
Jamais procurarão embargar tuas não-obras.
Viverás construindo um mundo de silêncio
Até que algum indignado rebelde
Tripudie sobre sua fortaleza de espumas.
Anteparo inerte como as pedras
Em relação às ondas.
E acolhe aqui e alí
Nas entranhas de tua compreensão
Todo e qualquer peregrino da existência...
Se não arriscas o passo que muda
E que pode te conduzir
A inesperados caminhos
E pateticamente caminhas
Sobre velhos trilhos...
Se deixas sufocar o grito
Mesmo ante a dor que te fustiga a carne...
É certo que vives uma vida comum
Que faz o alento dos deuses mundanos.
Serás mil vezes aclamado dócil
E não se importarão que tenhas vida para sempre.
Jamais os demônios te perturbarão os sonhos.
Jamais procurarão embargar tuas não-obras.
Viverás construindo um mundo de silêncio
Até que algum indignado rebelde
Tripudie sobre sua fortaleza de espumas.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
AMPLIAÇÃO
(Para Bruna)
A pouco e pouco
Fui-me desnudando diante de ti.
E a real imagem do que sou
Foi-se desanuviando diante de teus olhos atônitos.
E o espanto que costuma ser como um repente
Fê-se um espanto construido com o rítmo dos atos.
O beijo não era tão mais suave como antes:
Era como uma busca ávida como de abutre faminto.
E os olhos que desciam lento e suave o corpo sutil
Era como de um lúbrico vampiro.
Quase um pranto abrupto quis nascer
Como deveria ter sido abrupto o espanto.
Mas a dor da decepção soube se conter.
E não se sabe o que mais restou.
Talvez apenas a certeza em plagiando o poeta:
De perto é tudo animal.
A pouco e pouco
Fui-me desnudando diante de ti.
E a real imagem do que sou
Foi-se desanuviando diante de teus olhos atônitos.
E o espanto que costuma ser como um repente
Fê-se um espanto construido com o rítmo dos atos.
O beijo não era tão mais suave como antes:
Era como uma busca ávida como de abutre faminto.
E os olhos que desciam lento e suave o corpo sutil
Era como de um lúbrico vampiro.
Quase um pranto abrupto quis nascer
Como deveria ter sido abrupto o espanto.
Mas a dor da decepção soube se conter.
E não se sabe o que mais restou.
Talvez apenas a certeza em plagiando o poeta:
De perto é tudo animal.
MARCA
Não me leve aos lábios
Como uma bebida qualquer.
Eu quero deixar
Uma lembrança eterna em seu ser
Nesse ato simples de beijar.
Não me tome nos braços
Como a um fardo qualquer.
Eu quero deixar
Um calor eterno no seu corpo
Nesse ato simples de abraçar.
Como uma bebida qualquer.
Eu quero deixar
Uma lembrança eterna em seu ser
Nesse ato simples de beijar.
Não me tome nos braços
Como a um fardo qualquer.
Eu quero deixar
Um calor eterno no seu corpo
Nesse ato simples de abraçar.
MEDITANDO
Minha alma mais se nutre no silêncio
Onde se põe calma e mansa
A perscrutar o íntimo de mim.
No caminho inverso dos meus atos
Palmilho cada sílaba vivida
Decodificando seus intricados símbolos
Formulando o teorema óbvio do meu eu.
Vejo-me na inteireza do meu ser
Transparente e simples como tudo
Incompreensível, entretanto
Se cuido de procurar razões a ermo.
Ao fim de tudo, curvo-me
Postas as mãos na prece que anima.
E vejo a Deus - verdade pura
De quem fui mesmo antes do início
E de quem serei eternamente
Mesmo após toda consumação.
Onde se põe calma e mansa
A perscrutar o íntimo de mim.
No caminho inverso dos meus atos
Palmilho cada sílaba vivida
Decodificando seus intricados símbolos
Formulando o teorema óbvio do meu eu.
Vejo-me na inteireza do meu ser
Transparente e simples como tudo
Incompreensível, entretanto
Se cuido de procurar razões a ermo.
Ao fim de tudo, curvo-me
Postas as mãos na prece que anima.
E vejo a Deus - verdade pura
De quem fui mesmo antes do início
E de quem serei eternamente
Mesmo após toda consumação.
AH! A POESIA...
(Para Antonio Sobrinho)
Há que descer tão fundo
Até mesmo onde o próprio poço
Sinta a vertigem.
O "não" há que se assustar
Da veracidade de sua negação absurda.
Tudo precisa ser
Mais profundamente "do que".
Assim se deve fazer a poesia
Marcando cada linha -
Verso, se assim queiram
Com a força que supere a força.
Para que cada dor ou prazer
Subvertidos em êxtase
Se expliquem
Diante de atônitos embevecidos.
Há que descer tão fundo
Até mesmo onde o próprio poço
Sinta a vertigem.
O "não" há que se assustar
Da veracidade de sua negação absurda.
Tudo precisa ser
Mais profundamente "do que".
Assim se deve fazer a poesia
Marcando cada linha -
Verso, se assim queiram
Com a força que supere a força.
Para que cada dor ou prazer
Subvertidos em êxtase
Se expliquem
Diante de atônitos embevecidos.
domingo, 7 de agosto de 2011
A SOLIDÃO
Às vezes a solidão
É o único ponto de ajuste
Justo recurso de quem quer apenas
Sofrer consigo.
Lugar quente e único
Onde se recolhe encolhido
Seu certo e inevitável amigo -
Você.
Lugar único e úmido
Onde se esconde e se oprime
Seu inevitável inimigo -
Você.
Estar só
É estar esquadrinhando seus escaninhos.
Revendo seus próprios caminhos.
Caminhando intrinsecamente
Os recônditos de seus limites.
É o único ponto de ajuste
Justo recurso de quem quer apenas
Sofrer consigo.
Lugar quente e único
Onde se recolhe encolhido
Seu certo e inevitável amigo -
Você.
Lugar único e úmido
Onde se esconde e se oprime
Seu inevitável inimigo -
Você.
Estar só
É estar esquadrinhando seus escaninhos.
Revendo seus próprios caminhos.
Caminhando intrinsecamente
Os recônditos de seus limites.
ADEUS
Nada me marcou tanto
Quanto aquele par de lágrimas
Que te umideceram os olhos
E não quis rolar
Intimidado pela opressão fria
Do meu frio olhar de adeus.
Tua voz jazia
No colo dos teus lábios trêmulos
Temendo ferir tua emoção.
Teu rosto era a máscara do silêncio
Mas preconizava
Uma explosiva convulsão.
Tua esperança cansada
Batia asas carregando os sonhos
Que tua alma em devaneios
Fazia desfilar
Diante da minha indisfarçável indiferença.
Perdôa-me por me haver cansado
De ser parasita do teu sincero amor.
Quanto aquele par de lágrimas
Que te umideceram os olhos
E não quis rolar
Intimidado pela opressão fria
Do meu frio olhar de adeus.
Tua voz jazia
No colo dos teus lábios trêmulos
Temendo ferir tua emoção.
Teu rosto era a máscara do silêncio
Mas preconizava
Uma explosiva convulsão.
Tua esperança cansada
Batia asas carregando os sonhos
Que tua alma em devaneios
Fazia desfilar
Diante da minha indisfarçável indiferença.
Perdôa-me por me haver cansado
De ser parasita do teu sincero amor.
A GRANDE COLHEITA
Não gosto quando meus amigos adoecem.
Não apenas por eles em si
Mas pelos mundos que os cercam
De tantas necessidades, prisões e conflitos.
Bem assim não sofrerei apenas por mim
Quando me sentir partindo.
Mas por esses mundos, também assim
De tantas necessidades, prisões e conflitos.
É que tanto eles, quanto eu
Quando por ventura formos indo
Estaremos como que passeando
Na nossa grande roça.
Aquela em a qual nos dedicamos
Bem ou mal, dia após dia
E em a qual faremos a nossa grande colheita.
Não apenas por eles em si
Mas pelos mundos que os cercam
De tantas necessidades, prisões e conflitos.
Bem assim não sofrerei apenas por mim
Quando me sentir partindo.
Mas por esses mundos, também assim
De tantas necessidades, prisões e conflitos.
É que tanto eles, quanto eu
Quando por ventura formos indo
Estaremos como que passeando
Na nossa grande roça.
Aquela em a qual nos dedicamos
Bem ou mal, dia após dia
E em a qual faremos a nossa grande colheita.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
`AS MULHERES
(Uma brincadeira -No seu Dia
Internacional)
Sejam marias, joanas, anitas, alices...
Ou qualquer rótulo
Que vistam suas misteriosas
Identidades...
Sejam tolas, loucas, lúcidas, violentas
Ou mesmo sádicas ou masoquistas...
Importa menos o que pretendam ser
Do que, em verdade
O que povoam seus mais sinceros desejos.
Quero-as assim
Envolvidas em seus mistérios
Que menos me interessam
Do que o que posso usufruir
Quando, abstraídas de tudo
Queiram colocar-se ao dispor
Das minhas inesperadas loucuras.
Internacional)
Sejam marias, joanas, anitas, alices...
Ou qualquer rótulo
Que vistam suas misteriosas
Identidades...
Sejam tolas, loucas, lúcidas, violentas
Ou mesmo sádicas ou masoquistas...
Importa menos o que pretendam ser
Do que, em verdade
O que povoam seus mais sinceros desejos.
Quero-as assim
Envolvidas em seus mistérios
Que menos me interessam
Do que o que posso usufruir
Quando, abstraídas de tudo
Queiram colocar-se ao dispor
Das minhas inesperadas loucuras.
NOITE LONGA
("Puedo escribir los versos
mas tristes esta noche".
Pablo Neruda)
Esta é uma noite longa
Noite cheia de dias e noites
Que se prolonga meses e meses
Sem pressa nenhuma.
Esta é uma noite longa
Desceram todas as estrelas ao meu leito
E eu subi sozinho ao firmamento -
Estrela apagada.
Esta é uma noite longa.
Fugiram-me os sonhos do sono
E me rondam a realidade
Como pesadelos.
Esta é uma noite longa.
Noite de todas as solidões
E de todos os silêncios
E de todas as angústias.
Esta é uma noite longa
Que me perseguirá...
Até a morte?
mas tristes esta noche".
Pablo Neruda)
Esta é uma noite longa
Noite cheia de dias e noites
Que se prolonga meses e meses
Sem pressa nenhuma.
Esta é uma noite longa
Desceram todas as estrelas ao meu leito
E eu subi sozinho ao firmamento -
Estrela apagada.
Esta é uma noite longa.
Fugiram-me os sonhos do sono
E me rondam a realidade
Como pesadelos.
Esta é uma noite longa.
Noite de todas as solidões
E de todos os silêncios
E de todas as angústias.
Esta é uma noite longa
Que me perseguirá...
Até a morte?
ANGÚSTIA
Não te posso curar
Se não te conheço a causa.
Se não sei em que ponto estais
Dentro de mim.
Só sei que a tua presença
Me põe triste
Me tira o gosto do presente
Me aniquila.
Sois a fome insaciável
A sede que não se mata
O silêncio inquieto
O grito que não se abafa.
Sois o desejo impossível
Inimigo que não se abate
Agonia infinita
Morte lenta que nunca mata.
Se não te conheço a causa.
Se não sei em que ponto estais
Dentro de mim.
Só sei que a tua presença
Me põe triste
Me tira o gosto do presente
Me aniquila.
Sois a fome insaciável
A sede que não se mata
O silêncio inquieto
O grito que não se abafa.
Sois o desejo impossível
Inimigo que não se abate
Agonia infinita
Morte lenta que nunca mata.
POEMA DE PENA
(Riachuelo, cidade agonizante -1980)
Anos, homens e desenganos
Passam
Na rua sem fim da cidade finda.
Tudo parece espreguiçar-se
E nenhuma vida parece ter mais vida.
Há um clima de pasto vazio
E uma agonia de profundo silêncio.
Talvez um grito, uma explosão
Ou quem sabe, um soluço...
Fizesse mudar a face da cidade morta.
Há uma vontade de Adeus
Em cada olhar que olha.
Há um presentimento de saudade
Mesmo nesse palco de nostalgia.
Há alguém que chora como um louco
No seu sonho de pranto proibido.
Passa uma procissão de fantasmas
E o sino da igreja parece estar gemendo.
Anos, homens e desenganos
Passam
Na rua sem fim da cidade finda.
Tudo parece espreguiçar-se
E nenhuma vida parece ter mais vida.
Há um clima de pasto vazio
E uma agonia de profundo silêncio.
Talvez um grito, uma explosão
Ou quem sabe, um soluço...
Fizesse mudar a face da cidade morta.
Há uma vontade de Adeus
Em cada olhar que olha.
Há um presentimento de saudade
Mesmo nesse palco de nostalgia.
Há alguém que chora como um louco
No seu sonho de pranto proibido.
Passa uma procissão de fantasmas
E o sino da igreja parece estar gemendo.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
AMORES E AMORES
(Para um amigo que ama incondicionalmente)
Não consigo volver os olhos
Da imagem tua
Nem turvá-la
Com as máculas banais
Vistas por olhos comuns.
A pureza da tua imagem
Eu guardo sempre, desde sempre
E para sempre.
Murmuram aqui e ali
Sobre uma tolice
Que dizem possuir-me.
Riem até às costas minhas
E outros até se apiedam.
Não é minha nem tua a culpa
Que a vida
Insensata como sempre
Tenha conspirado
Contra nossa harmonia.
E que os pulsos
E os anseios carnais
Tenham conturbado
A nossa perfeita intimidade.
Aliás, eterna minha!
É que eles são tolos
E não sabem
Que existem amores e amores.
Não consigo volver os olhos
Da imagem tua
Nem turvá-la
Com as máculas banais
Vistas por olhos comuns.
A pureza da tua imagem
Eu guardo sempre, desde sempre
E para sempre.
Murmuram aqui e ali
Sobre uma tolice
Que dizem possuir-me.
Riem até às costas minhas
E outros até se apiedam.
Não é minha nem tua a culpa
Que a vida
Insensata como sempre
Tenha conspirado
Contra nossa harmonia.
E que os pulsos
E os anseios carnais
Tenham conturbado
A nossa perfeita intimidade.
Aliás, eterna minha!
É que eles são tolos
E não sabem
Que existem amores e amores.
PERMISSIVIDADE
Os notívagos morrem aos poucos
Em agonia de luz.
Invadiram a intimidade da noite.
Todos os olhos se saciam
E o escândalo agoniza ferido de morte.
Em agonia de luz.
Invadiram a intimidade da noite.
Todos os olhos se saciam
E o escândalo agoniza ferido de morte.
PLATÔNICO
Gosto de beber calado
Este teu desejo anônimo.
Gosto de te desejar
Sem puder confessar
- Senão com os olhos.
Gosto de saber-te minha
Sem jamais haveres dito
Senão com os olhos.
Gosto desse nosso diálogo de silêncio
Que só os olhos e os desejos sabem travar
Com todas as palavras.
Gosto de saber-te inquieta
Na tua aparência tranquila.
Gosto desta mútua prisão
Que confina nossas melhoras palavras
E frustra nossos corpos
Dos nossos melhores prazeres.
Este teu desejo anônimo.
Gosto de te desejar
Sem puder confessar
- Senão com os olhos.
Gosto de saber-te minha
Sem jamais haveres dito
Senão com os olhos.
Gosto desse nosso diálogo de silêncio
Que só os olhos e os desejos sabem travar
Com todas as palavras.
Gosto de saber-te inquieta
Na tua aparência tranquila.
Gosto desta mútua prisão
Que confina nossas melhoras palavras
E frustra nossos corpos
Dos nossos melhores prazeres.
TALVEZ...
Talvez te tenha amado
Como um projeto de infinitude
Que não começa e nem termina.
Talvez te tenha admirado
Mas apenas tão profundamente
Como a uma luz de raio:
Do qual não se sabe o que destruiu
Na sua vertiginosa descendência.
Sei que haverá sempre uma lágrima
Para homenagear tua boa lembrança.
Também um sorriso descorado
Desses que não se sabe
Porque desfiguram nossas faces:
Para lamentar tua inata indiferença
BRUNA
Menina
Quando olha distraida
Sem o pensar da realidade.
Apenas
Como quem vê o simples e belo
De tudo que a cerca.
Madura
Quando pensa e fala
Da profundidade
Do que lhe é adverso.
Doce
Porque se entrega como quem quer.
Como quem achou descanso e consolo
Em quem lhe abraça.
Como quem mergulha leve
No poço cálido de quem lhe beija.
Quando olha distraida
Sem o pensar da realidade.
Apenas
Como quem vê o simples e belo
De tudo que a cerca.
Madura
Quando pensa e fala
Da profundidade
Do que lhe é adverso.
Doce
Porque se entrega como quem quer.
Como quem achou descanso e consolo
Em quem lhe abraça.
Como quem mergulha leve
No poço cálido de quem lhe beija.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
AMOR
É um nasce que nasce
E eis que já desponta
A primeira pétala:
Cor de rosa
Cor da verdadeira rosa.
E vem de brincar
Com a minha paz
Tão branca
Tão mansa
Tão paz.
Preguiça de sofrer
Me deixa alheio a cor tão vida.
Desejo de sentir
Me torna inquieta
A alma carente.
E um perfume leve
Me envolve
Me instiga
E já não se suporta mais.
Rosa?
Amor?
Martírio?
Que tenho eu a desfolhar
Entre meus dedos inquietos?
E eis que já desponta
A primeira pétala:
Cor de rosa
Cor da verdadeira rosa.
E vem de brincar
Com a minha paz
Tão branca
Tão mansa
Tão paz.
Preguiça de sofrer
Me deixa alheio a cor tão vida.
Desejo de sentir
Me torna inquieta
A alma carente.
E um perfume leve
Me envolve
Me instiga
E já não se suporta mais.
Rosa?
Amor?
Martírio?
Que tenho eu a desfolhar
Entre meus dedos inquietos?
AVES IDÉIAS
As idéias não encontram espaço
Nem mesmo no vazio dos cantos frios
Das mentes que se fizeram mortas
Por verem morta a razão.
As idéias fogem dos túmulos.
E os acontecimentos
Com medo do milagre
Mutilam o cadáver da razão.
É que a razão às vezes ressuscita.
Cai um dilúvio de palavras
E o cadáver da razão morre de novo
Desta vez se fazendo pedra
Que esmaga as mãos mutiladoras.
As chagas às vezes se fazem calos de pedra.
Mas as idéias amanhã
De tanto voarem a esmo
Se farão aves
Que acharão deleite naquela pedra tosca.
E não há razão mesmo de pedra
Que permaneça morta
Sob os pés leves das aves-idéias
Nem mesmo no vazio dos cantos frios
Das mentes que se fizeram mortas
Por verem morta a razão.
As idéias fogem dos túmulos.
E os acontecimentos
Com medo do milagre
Mutilam o cadáver da razão.
É que a razão às vezes ressuscita.
Cai um dilúvio de palavras
E o cadáver da razão morre de novo
Desta vez se fazendo pedra
Que esmaga as mãos mutiladoras.
As chagas às vezes se fazem calos de pedra.
Mas as idéias amanhã
De tanto voarem a esmo
Se farão aves
Que acharão deleite naquela pedra tosca.
E não há razão mesmo de pedra
Que permaneça morta
Sob os pés leves das aves-idéias
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